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Águas de alteridade e de unidade

  • Foto do escritor: Gustavo Baroni
    Gustavo Baroni
  • 17 de jun.
  • 2 min de leitura

A investigação das condições geográficas que favoreceram o intenso fluxo de ideias filosóficas na região mediterrânica permite lançar nova luz sobre a concepção tradicional que situa o pensamento não dualista exclusivamente nas espiritualidades orientais. De fato, o exame atento do Mediterrâneo revela um cenário intelectual fértil, onde conceitos como a unidade do Ser, a identidade entre sujeito e objeto e a natureza ilusória da multiplicidade emergiram com clareza em diversas épocas, desde a filosofia pré-socrática até o misticismo barroco. Neste artigo, define-se o não-dualismo como a rejeição da separação absoluta entre sujeito e objeto (epistemologia), espírito e matéria (ontologia) e divino e humano (misticismo). Trata-se da ideia de que a realidade última transcende a fragmentação, revelando uma unidade fundamental, base do conhecimento e da experiência religiosa. Nesse triplo sentido, examinar o não-dualismo mediterrânico implica explorar uma tradição que desafia categorizações rígidas, onde sujeito e objeto se fundem, visível e inteligível não se separam, e o encontro com o Absoluto supera a alteridade. A tese central sustenta que a relação entre fragmentação e conectividade no Mediterrâneo evidencia que o não-dualismo não é exclusivo do Oriente. De Parmênides a Raimundo Lúlio, uma visão unitária do Ser floresceu no Ocidente com características próprias.


O Mediterrâneo surge como um laboratório onde se desenvolveu uma filosofia que dissolve as fronteiras entre eu e outro, indivíduo e mundo, criatura e divindade. Contrariando a visão comum de que essas ideias pertencem apenas ao Oriente, o pensamento mediterrânico, nutrido por intensos intercâmbios, desenvolveu formas profundas de não-dualismo. Busca-se não apenas revisar a visão tradicional Oriente-Ocidente, mas reconhecer que as questões sobre unidade e multiplicidade transcendem fronteiras culturais. A reavaliação da história intelectual mediterrânica insere seu legado filosófico em um quadro mais amplo, onde a busca pela unidade emerge como patrimônio do pensamento ocidental.


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